Câmera como espaço, imagem como afeto

Speed Racer e a contra-estética do cinema digital

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30962/e-comps.3206

Palavras-chave:

Cinematografia digital, Pós-cinema, CGI

Resumo

Este artigo investiga o filme Speed Racer (Wachowskis, 2008) como uma ruptura crítica em relação à hegemonia do fotorrealismo digital no cinema contemporâneo. A partir de uma abordagem teórico-analítica, com base em autores como Manovich, Shaviro e Brown, o estudo examina como o filme mobiliza o CGI de modo expressivo e antinaturalista. O objetivo é demonstrar que Speed Racer simboliza uma contra-estética digital que privilegia a opacidade, a sensação e a abstração. A análise formal do filme revela um uso inovador da montagem espacial e da imagem plástica, concluindo que ele antecipa tendências atuais do cinema pós-cinemático e propõe um novo regime perceptivo para o espectador digital.

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Biografia do Autor

Marcio Telles, Universidade Estadual do Paraná, Curitiba, Paraná, Brasil

Doutor em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGCOM-UFRGS), com estágio doutoral na Winchester School of Art (Inglaterra). Pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero. Professor adjunto do Bacharelado em Cinema e Audiovisual e do Mestrado em Cinema e Artes do Vídeo na Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

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Publicado

14-10-2025

Como Citar

Telles, M. (2025). Câmera como espaço, imagem como afeto: Speed Racer e a contra-estética do cinema digital. E-Compós. https://doi.org/10.30962/e-comps.3206

Edição

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