Câmera como espaço, imagem como afeto
Speed Racer e a contra-estética do cinema digital
DOI:
https://doi.org/10.30962/e-comps.3206Palavras-chave:
Cinematografia digital, Pós-cinema, CGIResumo
Este artigo investiga o filme Speed Racer (Wachowskis, 2008) como uma ruptura crítica em relação à hegemonia do fotorrealismo digital no cinema contemporâneo. A partir de uma abordagem teórico-analítica, com base em autores como Manovich, Shaviro e Brown, o estudo examina como o filme mobiliza o CGI de modo expressivo e antinaturalista. O objetivo é demonstrar que Speed Racer simboliza uma contra-estética digital que privilegia a opacidade, a sensação e a abstração. A análise formal do filme revela um uso inovador da montagem espacial e da imagem plástica, concluindo que ele antecipa tendências atuais do cinema pós-cinemático e propõe um novo regime perceptivo para o espectador digital.
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