Roleta interseccional
proposta metodológica para análises em Comunicação
DOI:
https://doi.org/10.30962/ec.2198Palavras-chave:
Interseccionalidade., Comunicação, Metodologia, FeminismoResumo
Ao reconhecer a relevância do conceito de interseccionalidade como ferramenta metodológica no domínio do Direito, este artigo propõe articular e aprofundar sua valência nos estudos em Comunicação. O método interseccional em Comunicação carece de aparatos conceituais próprios, em diálogo com suas origens, para que não reduza sua capacidade analítica a estudos descritivos dos sujeitos, materialidades e suas estruturas. Intenta-se, aqui, portanto, construir um quadro metodológico, denominado “roleta interseccional”, admitindo que a observância das matrizes de opressão que atravessam os corpos e os sujeitos é fundamental para a compreensão dos efeitos comunicacionais por eles engendrados.
Downloads
Referências
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. Pólen Produção Editorial LTDA, 2019.
________________. Ó PaÍ, Prezada! Racismo e Sexismo Intitucionais tomando bonde no Conjunto Penal Feminino de Salvador. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em estudos de gênero, mulher e feminismo, Universidade Federal da Bahia. 2014
ANTHIAS, Floya. Transnational mobilities, migration research and intersectionality. Nordic Journal of Migration Research, v. 2, n. 2, p. 102-110, 2012.
ANZALDUA, Gloria. Borderlands/La Frontera. San Francisco: Spinsters/Aunt Lute Press, 1987.
BAGGA-GUPTA, Sangeeta. Privileging identity positions and multimodal communication in textual practices. Intersectionality and the (re) negotiation of boundaries. Literacy practices in transition: Perspectives from the Nordic countries, p. 75-100, 2012.
BARTHES, Roland. L’ancienne rhétorique. Aidemémoire. Communications, n. 16, p.172-223, 1970.
BENJAMIN, Ruha. Race after technology: Abolitionist tools for the new jim code. John Wiley & Sons, 2019.
BERNARDINO-COSTA, Joaze; GROSFOGUEL, Ramón. Decolonialidade e perspectiva negra. Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 15-24, 2016.
BHABHA, Homi. A questão do `outro': diferença, discriminação e o discurso do colonialismo", in H.B.de Hollanda (org.), Pós-modernismo e política, Rio de Janeiro, Rocco, 1992
BORGES, Rosane. Mídia, racismos e outras formas de destituição: elementos para o reposicionamento do campo da comunicação. In: CORRÊA, Laura Guimarães (org). Vozes negras em Comunicação: Mídia, racismos, resistências, Belo Horizonte: Autêntica, 2019
BRAH, Avtar. Cartographies of diaspora: Contesting identities. Psychology Press, 1996.
BRANDÃO, Helena Hathsue Nagamine. Subjetividade, argumentação, polifonia: a propaganda da Petrobrás. 1998.
CALASANTI, Toni; KING, Neal. Intersectionality and age. Routledge handbook of cultural gerontology, p. 193-200, 2015.
CARBADO, Devon W. Colorblind intersectionality. Signs: Journal of Women in Culture and Society, v. 38, n. 4, p. 811-845, 2013.
CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2006.
________________; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de Análise do Discurso. São Paulo: Contexto, 2004
CHOW, Yiu Fai. Moving, sensing intersectionality: A case study of Miss China Europe. Signs: Journal of Women in Culture and Society, v. 36, n. 2, p. 411-436, 2011.
CISNE, Mirla. Relações sociais de sexo, 'raça'/etnia e classe: uma análise feministamaterialista. Temporais, Brasília, ano 14, n. 28, jul./dez. 2014, pp. 133-149.
COLLINS, Patricia Hill. Se perdeu na tradução? Feminismo negro, interseccionalidade e política emancipatória. Parágrafo, v. 5, n. 1, p. 6-17, 2017.
COLLINS, Patricia Hill. Black feminist thought: Knowledge, consciousness, and the politics of empowerment. Routledge, 2002.
CORRÊA, Laura Guimarães. Empoderar pra quê? Corpos e cabelos das
mulheres negras na publicidade. In:LEITE, Francisco; BATISTA, Leandro Leonardo (orgs). Publicidade Antirracista: Reflexões, Caminhos e Desafios. São Paulo: Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo–ECA USP, 2019.
CORRÊA, Laura Guimarães et al. Entre o interacional e o interseccional: Contribuições teórico-conceituais das intelectuais negras para pensar a comunicação. Revista ECO-Pós, v. 21, n. 3, p. 147-169, 2018.
COTTOM, Tressie McMillan. “Black Cyberfeminism: Intersectionality,
Institutions and Digital Sociology”. In: Digital Sociologies eds. Jessie Daniels, Karen
Gregory and Tressie McMillan Cottom. Bristol: Policy Press, 2016
CRAGIN, Becca. Beyond the feminine: Intersectionality and hybridity in talk shows. Women's Studies in Communication, v. 33, n. 2, p. 154-172, 2010.
CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, v. 10, n. 1, p. 171-188, 2002.
________________ . Mapping the margins: Intersectionality, identity politics, and violence against women of color. Stan. L. Rev., v. 43, p. 1241, 1990.
________________. Demarginalizing the intersection of race and sex: A black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. u. Chi. Legal f., p. 139, 1989.
DAVIS, Angela Y. Women, Race, and Class. New York: Random House, 1981.
______________. As mulheres negras na construção de uma nova utopia. Geledés, São Paulo, v. 12, 2011.
DE SOUZA, Nelson Rosário; DRUMMOND, Daniela. Sexo e as negas: da ficção à realidade sob uma perspectiva interseccional. Esferas, v. 1, n. 10, 2018.
DELPHY, Christine. For a materialist feminism. Feminist issues, v. 1, n. 2, p. 69-76, 1981.
DOUGLAS, Mary. Implicit meanings: Selected essays in anthropology. Routledge, 2002.
DUCROT, Oswald. O dizer e o dito. São Paulo: Pontes, 1987
FANON, Frantz. Black skin, white masks. London: Paladin, 1970.
FAUSTINO, Deivison Mendes. A emoção é negra, a razão é helênica? Considerações fanonianas sobre a (des) universalização do “Ser” negro. Revista Tecnologia e Sociedade, v. 9, n. 18, 2013.
FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. 3ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 1987.
FRANÇA, Vera Veiga. O objeto da comunicação/A comunicação como objeto. Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. Petrópolis: Vozes, p. 39-60, 2001.
GIACOMONI, M. P.; VARGAS, A. Z. Foucault, a Arqueologia do Saber e a Formação Discursiva. Rev. Online Veredas. Juiz de Fora, 2010, p. 119-129. Disponível em: http://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2010/04/artigo-09.pdf. Acesso em: 26/05/2020
GOFFMAN, Erving. Os quadros da experiência social: uma perspectiva de análise. Vozes, 2012.
________________. Comportamento em lugares públicos: notas sobre a organização social dos ajuntamentos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
________________. The presentation of self in everyday life. 1959. Garden City, NY, v. 259, 2002.
GONZALEZ, Lélia. A Juventude Negra Brasileira. __________. Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa. São Paulo: Diáspora Africana, 2018.
GROSFOGUEL, Ramón. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 25-49, 2016.
HALL, Stuart. Quem precisa da Identidade? In.: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Identidade e diferença, p. 103-133, 2009.
HANCOCK, Ange-Marie. When multiplication doesn't equal quick addition: Examining intersectionality as a research paradigm. Perspectives on politics, v. 5, n. 1, p. 63-79, 2007.
HINE, Christine. Virtual ethnography. Sage, 2000.
HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça: interseccionalidade e consubstancialidade das
relações sociais. Tempo Social, v. 26, n. 1, jun. 2014, pp. 61-73.
HOOKS, Bell. Intelectuais negras. Estudos feministas, v. 3, n. 2, p. 464, 1995.
JORDAN, June. Technical Difficulties: African-American Notes on the State of the Union. New York: Pantheon Books, 1992.
KERGOAT, Danièle. Dinâmica e consubstancialidade das relações sociais. Novos estudos CEBRAP, n. 86, p. 93-103, 2010.
LOPES, Maria Immacolata V. Por um paradigma transdisciplinar para o campo da comunicação. Desafios da comunicação. Petrópolis: Vozes, 2001.
LORDE, Audre. Sister Outsider: Essays and Speeches (Trumansburg, NY. The Crossing Press, v. 44, p. 111, 1984.
MACHADO, Bárbara Araújo. Interseccionalidade, consubstancialidade e marxismo: debates teóricos e políticos. IN: Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Marx e o Marxismo (NIEP-Marx)(org). Anais do Colóquio Internacional Marx e o Marxismo, p. 1867-1917, 2017.
MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. São Paulo: Cortez, 2001
MEAD, George H. Mind, self and Society. In: COSER, L.A., ROSEMBERG, B. (Eds.) Sociological theory: a book of readings. New York: Macmillam, 1969.
MELO, Iran F. Análise do Discurso e Análise Crítica do Discurso: desdobramentos e intersecções. Revista Eletrônica de Divulgação Científica em Língua Portuguesa, Lingüística e Literatura Ano 05 n.11 - 2º Semestre de 2009
MENESES, Maria Paula. Epistemologias do sul. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 80, p. 5-10, 2008.
NIELSEN, Carolyn. Moving mass communication scholarship beyond binaries: A call for intersectionality as theory and method. Media Report to Women, v. 39, n. 1, p. 6-22, 2011.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios & procedimentos. Pontes, 2012.
PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. 4ª edição. Campinas, SP: Pontes Editores, 2006, 68 páginas.
_________________. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Trad. Eni Orlandi et al. Campinas: Editora da UNICAMP, 1988
PINDERHUGHES, Dianne M. Intersectionality: Race and gender in the 2008 presidential nomination campaign. The Black Scholar, v. 38, n. 1, p. 47-54, 2008.
PISCITELLI, Adriana. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. Sociedade e cultura, v. 11, n. 2, 2008.
RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. Pólen Produção Editorial LTDA, 2019.
RISAM, Roopika. Beyond the margins: Intersectionality and the digital humanities. DHQ: Digital Humanities Quarterly, Volume 9, Number 2, 2015.
SAGESSE, Gustavo SR et al. Marcadores sociais da diferença: gênero, sexualidade, raça e classe em perspectiva antropológica. São Paulo: Editora Gramma, 2018.
SALEM, Sara. Feminist critique and Islamic feminism: The question of intersectionality. The Postcolonialist, v. 1, n. 1, p. 1-8, 2013.
SHAW, Linda R.; CHAN, Fong; MCMAHON, Brian T. Intersectionality and disability harassment: The interactive effects of disability, race, age, and gender. Rehabilitation Counseling Bulletin, v. 55, n. 2, p. 82-91, 2012.
SODRÉ, Muniz. A ciência do comum: notas para o método comunicacional – Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Editora UFMG, 2010.
TAYLOR, Yvette; HINES, Sally; CASEY, Mark (Ed.). Theorizing intersectionality and sexuality. Springer, 2010.
YILDIZ-SPINEL, Melek. Telenovelas: Assessing Intersectionality in Spanish Media Kenyon Summer Science Scholars Program. Paper 210, 2013
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Fernanda Carrera
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte.
Autoria
Entende-se como autor todo aquele que tenha efetivamente participado da concepção do estudo, do desenvolvimento da parte experimental, da análise e interpretação dos dados e da redação final. Ao submeter um artigo para publicação na Revista E-Compós, o autor concorda com os seguintes termos: 1. O autor mantém os direitos sobre o artigo, mas a sua publicação na revista implica, automaticamente, a cessão integral e exclusiva dos direitos autorais para a primeira edição, sem pagamento. 2. As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões da revista. 3. Após a primeira publicação, o autor tem autorização para assumir contratos adicionais, independentes da revista, para a divulgação do trabalho por outros meios (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), desde que feita a citação completa da mesma autoria e da publicação original. 4. O autor de um artigo já publicado tem permissão e é estimulado a distribuir o seu trabalho on-line, sempre com as devidas citações da primeira edição.
Conflitos de interesse e ética de pesquisa
Caso a pesquisa desenvolvida ou a publicação do artigo possam gerar dúvidas quanto a potenciais conflitos de interesse, o autor deve declarar, em nota final, que não foram omitidas quaisquer ligações a órgãos de financiamento, bem como a instituições comerciais ou políticas. Do mesmo modo, deve-se mencionar a instituição à qual o autor eventualmente esteja vinculado, ou que tenha colaborado na execução do estudo, evidenciando não haver quaisquer conflitos de interesse com o resultado ora apresentado. É também necessário informar que as entrevistas e experimentações envolvendo seres humanos obedeceram aos procedimentos éticos estabelecidos para a pesquisa científica. Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros. Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico consistem na licença Creative Commons Attribution 4.0 (CC BY 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, inclusive comerciais.