Palimpsestos da racialidade nas mal traçadas linhas de nossa história

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30962/ec.2872

Palavras-chave:

Apagamento, Escravização, História, Ôrí, Quilombo

Resumo

Este ensaio discute o tema do apagamento atribuído aos fatos históricos e aos negros escravizados no Brasil, com o objetivo de rever formulações consagradas e oficializadas. Para isso, orienta-se pelo método da metalinguagem crítica, submetendo conceitos ao exame da pertinência a contextos históricos precisos. Como hipótese, toma a noção de palimpsesto como revelação, acompanhando o pensamento da historiadora Beatriz Nascimento, que, contestando definições históricas convencionais, chega à concepção de quilombo como forma de revisão histórica do negro como ser humano. Abre, assim, diálogos com o pensamento negro radical internacional e com produções audiovisuais para verificação dos argumentos.

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Biografia do Autor

Irene de Araújo Machado, Universidade de São Paulo, São Paulo, São Paulo, Brasil

Doutora em Letras – Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP, 1993), mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP, 1985), graduada em Letras pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas pela Universidade de São Paulo (USP, 1977). Professora Associada da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), no Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais e no Programa de Pós-Graduação em Estética e História da Arte. Ministra as disciplinas: Semiótica da Comunicação na Cultura; Tradução Intersemiótica; Estética do Cinema Negro; Experiências Estéticas em Arte e Ativismo. Orienta pesquisas de mestrado e doutorado e supervisiona pesquisas de Pós-Doc. É Bolsista Produtividade em Pesquisa, CNPq, PQ-1C.

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Publicado

27-11-2023

Como Citar

Machado, I. de A. (2023). Palimpsestos da racialidade nas mal traçadas linhas de nossa história. E-Compós, 26. https://doi.org/10.30962/ec.2872

Edição

Seção

Artigos Originais