“Dar fé” à catástrofe cotidiana
a multidimensionalidade dos acontecimentos
DOI:
https://doi.org/10.30962/ec.2680Palavras-chave:
Catástrofe, Acontecimento, Espacialidades, TemporalidadesResumo
Neste artigo, discutimos o caráter cotidiano e relacional da catástrofe, o que faz com que o termo extrapole sua associação com acontecimentos pontuais. Para isso, tomamos como referência uma realidade social particular que, sendo singular e delimitada geograficamente – um lixão em Iguatu (CE) –, encontra semelhanças e adversidades com diversas outras existentes em diferentes cidades brasileiras e mesmo em distintos países. Com ela, observamos que as catástrofes são circunscritas às territorialidades e aos modos de ver e de se relacionar como lugar, de modo que ela se faz em situações sociais específicas, com as quais é possível conviver cotidianamente.
Downloads
Referências
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Florestal. Brasil tem quase 3 mil lixões ou aterros irregulares. 30 maio 2017. Disponível em: . Acesso em: 4 jul. 2022.
ABETRE – Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos Sólidos e Efluentes. Atlas Brasil. 23 set. 2021. Disponível em: <https://atlas.abetre.org.br/public/atlas>. Acesso em: 16 mar. 2023.
ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil. 7 dez. 2020. Disponível em: . Acesso em: 4 jul. 2022.
APPADURAI, A.; ALEXANDER, N. Failure. Cambridge: Polity Press, 2020.
BARBOSA, H. Lixão gera poluição e compromete a saúde pública em Iguatu. Diário do Nordeste, Fortaleza, on-line, 18 nov. 2020.
BENETTI, M.; FONSECA, V. (Orgs.). Jornalismo e acontecimento: mapeamentos críticos. Florianópolis: Insular, 2010.
BERGER, C.; HENN, R.; MAROCCO, B. (Orgs.). Jornalismo e acontecimento: siante da morte. Florianópolis: Insular, 2012.
DOLE, C. et al. The Time of Catastrophe: Multidisciplinary Approaches to the Age of Catastrophe. Londres: Routledge, 2015.
DUPUY, J. O tempo das catástrofes: quando o impossível é uma certeza. São Paulo: Realizações, 2011.
EBERT, J. The Age of Catastrophe: Disaster and Humanity in Modern Times. Jefferson/North Caroline: McFerland & Company Publishers, 2012.
FRANÇA, V.; OLIVEIRA, L. (Orgs.). Acontecimento: reverberações. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
GUMPERT, M. The End of Meaning: Studies in Catastrophe. Londres: Cambridge Schollars Publishing, 2012.
HORN, E. The Future as Catastrophe: Imagining Disaster in the Modern Age. Nova York: Columbia University Press, 2018.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Panorama das cidades brasileiras: Iguatu. 2011. Disponível em: . Acesso em: 4 jul. 2022.
LATOUR, B. Onde aterrar?. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2020.
LAGE, I.; MANNA, N. Uma “catástrofe do tempo”: narrativa e historicidade pelas Vozes de Tchernóbil. Revista Galáxia, São Paulo, Edição Especial 1: Comunicação e Historicidades, p. 34-46, 2019.
LE BRUN, A. O sentimento de catástrofe: entre o real e o imaginário. São Paulo: Iluminuras, 2016.
LEAL, B. S.; ANTUNES, E; VAZ, P. (Orgs.). Jornalismo e acontecimento: percursos metodológicos. Florianópolis: Insular, 2011.
LEAL, B. S.; BORGES, F.; TOGNOLO, D. O futuro é para poucos: o destino da humanidade em séries de TV. Contemporânea, v. 17, p. 144-164, 2019.
LEAL, B. S.; GOMES, I. Catástrofe como figura de historicidade: um gesto conceitual, metodológico e político de instabilização do tempo. In: MAIA, J.; BERTOL, R.; VALLE, F.; MANNA, N. (Orgs.). Catástrofes e crises do tempo: historicidades dos processos comunicacionais. Belo Horizonte: Selo PPGCOM-UFMG, 2020. p. 20-35.
______. et al. Crise e catástrofe como categorias interpretativas das experiências humanas do tempo. Revista Contracampo, v. 40, n. 1, p. 1-16, 2021.
MAIA, J. et al. (Orgs.). Catástrofes e crises do tempo: historicidades dos processos comunicacionais. Belo Horizonte: Selo PPGCOM-UFMG, 2020.
MBEMBE, A. Políticas da inimizade. Lisboa: Antígona, 2017.
QUÉRÉ, L. Entre o facto e sentido: a dualidade do acontecimento. Trajectos – Revista de Comunicação, Cultura e Educação, Lisboa, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, Departamento de Sociologia, Seção de Comunicação, Cultura e Educação, n. 6, p. 59-75, 2005.
______. O caráter impessoal da experiência. In: LEAL, B.; MENDONÇA, C.; GUIMARÃES, C. (Orgs.). Entre o sensível e o comunicacional. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 19-38.
ROUSSO, H. A última catástrofe: a história, o presente, o contemporâneo. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2016.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2001.
SELIGMANN-SILVA, M.; NESTROVSKI, A. (Orgs.). Catástrofe e representação. São Paulo: Escuta, 2000.
SONTAG, S. Ante el dolor de los demás. Ciudad del México: Anteguara, 2003.
STENGERS, I. No tempo das catástrofes: resistir à barbárie que se aproxima. São Paulo: Cosac Naïf, 2015.
VIVEIROS DE CASTRO, E.; DANOWSKI, D. Há mundo por vir?: ensaios sobre os medos e os fins. Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2014.
VOGEL, D.; MEDITSCH, E.; SILVA, G. (Orgs.). Jornalismo e acontecimento. Florianópolis: Insular, 2013.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Bruno Souza Leal, Daniel Macêdo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte.
Autoria
Entende-se como autor todo aquele que tenha efetivamente participado da concepção do estudo, do desenvolvimento da parte experimental, da análise e interpretação dos dados e da redação final. Ao submeter um artigo para publicação na Revista E-Compós, o autor concorda com os seguintes termos: 1. O autor mantém os direitos sobre o artigo, mas a sua publicação na revista implica, automaticamente, a cessão integral e exclusiva dos direitos autorais para a primeira edição, sem pagamento. 2. As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões da revista. 3. Após a primeira publicação, o autor tem autorização para assumir contratos adicionais, independentes da revista, para a divulgação do trabalho por outros meios (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), desde que feita a citação completa da mesma autoria e da publicação original. 4. O autor de um artigo já publicado tem permissão e é estimulado a distribuir o seu trabalho on-line, sempre com as devidas citações da primeira edição.
Conflitos de interesse e ética de pesquisa
Caso a pesquisa desenvolvida ou a publicação do artigo possam gerar dúvidas quanto a potenciais conflitos de interesse, o autor deve declarar, em nota final, que não foram omitidas quaisquer ligações a órgãos de financiamento, bem como a instituições comerciais ou políticas. Do mesmo modo, deve-se mencionar a instituição à qual o autor eventualmente esteja vinculado, ou que tenha colaborado na execução do estudo, evidenciando não haver quaisquer conflitos de interesse com o resultado ora apresentado. É também necessário informar que as entrevistas e experimentações envolvendo seres humanos obedeceram aos procedimentos éticos estabelecidos para a pesquisa científica. Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros. Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico consistem na licença Creative Commons Attribution 4.0 (CC BY 4.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, inclusive comerciais.