Racismo e invisibilização

Representatividade negra em anúncios de revista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30962/ec.2384

Palavras-chave:

Racismo, Publicidade, Consumo, Representatividade

Resumo

Discutimos o racismo na publicidade brasileira, investigando a representatividade negra em anúncios veiculados na revista Veja em 2019. Analisamos a representação das pessoas negras na publicidade pela intersecção de raça e gênero, posições de protagonismo, coadjuvância e figuração nos anúncios. O levantamento, realizado a partir da análise de conteúdo somada a processos de heteroidentificação, é interpretado sob a perspectiva do feminismo negro, do pensamento interseccional e do consumo. Os resultados apontam para baixos índices de representatividade: cerca de 1/3, inferior aos 53,9% de negros do Brasil, o que comprova as estratégias de invisibilização desse grupo na publicidade nacional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pablo Moreno Fernandes, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

Doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais.

Referências

ALMEIDA, R; MARIANI, D. Qual o perfil da população carcerária brasileira. Nexo Jornal, 18 jan. 2017. Disponível em: <https://bit.ly/2T0lkrN>. Acesso em: 7 jun. 2019.

ALMEIDA, S. O que é racismo estrutural?. Belo Horizonte: Letramento, 2018.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. 3. ed. Tradução de Luís Antero Neto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2004.

BRASIL. Estatuto da igualdade racial. Lei n. 12.288, de 20 de julho de 2010. Brasília: Diário Oficial da União, 2010.

______. Institui o sistema nacional de promoção da igualdade racial. Decreto n. 8.136, de 5 de novembro de 2013. Brasília: Diário Oficial da União, 2013.

______. Regulamenta o procedimento de heteroidentificação complementar à autodeclaração dos candidatos negros em concursos públicos. Portaria Normativa nº 4/2018, de 4 de setembro de 2018. Brasília: Diário Oficial da União, 2018.

CAMPOS, L. A.; FELIX, M. Diversidade racial e de gênero na publicidade brasileira das últimas três décadas (1987-2017). Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa (GEMAA). Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2019.

CANCLINI, N. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008.

CARRASCOZA, J. A. A cena de consumo: um detalhe da estética publicitária. In: ROCHA, R. de M.; CASAQUI, V. (Orgs.). Estéticas midiáticas e narrativas do consumo. Porto Alegre: Sulina, 2012. p. 100-119.

CASTRO, R. F.; GODOY, M. J. Estado, migração e escravidão no Brasil: seletividade e reflexos na atualidade. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO LATINO-AMERICANA DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 20, 2016. Anais do XX Encontro Nacional de Estudos Populacionais, Foz do Iguaçu. [s.l.]: ALAP, 2016.

CORRÊA, L. G. De corpo presente: o negro na publicidade em revista. 126 f. 2006. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006.

______. Reflexões sobre a publicidade de homenagem e o dia da consciência negra. In: BASTISTA, L. L.; LEITE, F. (Orgs.). O negro nos espaços publicitários brasileiros: perspectivas contemporâneas em diálogo. São Paulo: ECA/USP; CONE, 2011. p. 197-207.

CORRÊA, L. G. (Org.). Vozes negras em comunicação: mídia, racismos e violência. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

CORRÊA, L. G. et al. Entre o interacional e o interseccional: contribuições teórico-conceituais das intelectuais negras para pensar a comunicação. Revista ECO-Pós, v. 21, n. 3, p. 147-169, 2018.

CORRÊA, L. G.; BERNARDES, M. “Quem tem um não tem nenhum”: solidão e sub-representação de pessoas negras na mídia brasileira. CORRÊA, L. G. (Orgs.). Vozes negras em comunicação: mídia, racismos e violência. Belo Horizonte: Autêntica, 2019. p. 203-219.

CRENSHAW, K. Mapeando as margens: interseccionalidade, políticas de identidade e violência contra mulheres não-brancas. Tradução de Carol Correia. Geledés, on-line, 23 dez. 2017 [1991]. Disponível em: <https://bit.ly/2TfkQNG>. Acesso em: 14 abr. 2019.

D’ADESKY, J. Pluralismo étnico e multiculturalismo: racismo e antirracismos no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2002.

DIOGO, R. Mídia e racismo: ensaios. Belo Horizonte: Mazza Edições. 2014.

DOS SANTOS, A. P.; ESTEVAM, V. S. As comissões de heteroidentificação racial nas instituições federais de ensino: panorama atual e perspectiva. In: CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES NEGROS/AS, 10, Uberlândia, 2018. Anais... Uberlândia: COPENE, 2018.

FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp. 1996.

FERNANDES, F. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Cia. Editora Nacional. 1965.

FREYRE, G. O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX. São Paulo: Global Editora, 1979.

GOMES, N.; CASTRO, M. Publicidade: um olhar metodológico. In: PEREZ, C.; BARBOSA, I. S. (Orgs.) Hiperpublicidade: fundamentos e interfaces. v. 1. São Paulo: Thomsom Learning, 2007. p. 3-31.

HASENBALG, C. A. O negro na publicidade. In: GONZALEZ, L.; HASENBALG, C. A. Lugar de negro. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1982. p. 103-114.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Características da população e dos domicílios: resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/>. Acesso em: ago. 2018.

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Atlas da violência 2019. Brasília; Rio de Janeiro; São Paulo: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2019.

______. Jovens e mulheres negras são mais afetados pelo desemprego. Boletim Mercado de Trabalho – Conjuntura e Análise nº 65, outubro 2018. Disponível em: <https://bit.ly/390SKMx>. Acesso em: 7 jun. 2018.

JESUS, R. E. Autodeclaração e heteroidentificação racial no contexto das políticas de cotas: quem quer (pode) ser negro no Brasil?. In: SANTOS, J. S.; COLEN, N. S.; JESUS, R. E. (Orgs.). Duas décadas de políticas afirmativas na UFMG: debates, implementação e acompanhamento. Rio de Janeiro: LPP/UERJ, 2018. p. 125-142.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Tradução de Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

LEÃO, N. et al. Relatório das desigualdades: raça, gênero, classe. Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa (GEMAA). n. 1. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2017.

LEITE, F.; BATISTA, L. L. (Orgs.). Publicidade antirracista: reflexões, caminhos e desafios. São Paulo: Edusp, 2019.

LÓPEZ, L. C. O conceito de racismo institucional: aplicações no campo da saúde. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, v. 16, n. 40, p. 121-134, jan.-mar. 2012. p. 95-106.

MAIO, M. C.; SANTOS, R. V. Política de cotas raciais, os “olhos da sociedade” e os usos da antropologia: o caso do vestibular da Universidade de Brasília (UnB). Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 11, n. 23, p. 181-214, jun. 2005. Disponível em: <https://bit.ly/2TldWXf>. Acesso em: 16 jan. 2020.

MCCRACKEN, Grant. Cultura & consumo: novas abordagens ao caráter simbólico dos bens e das atividades de consumo. Rio de Janeiro: Mauad, 2010.

MENEZES, J. M. F. Abolição no Brasil: a construção da liberdade. Histedbr On-line, Campinas, n. 36, p. 83-104, dez. 2009.

MIRANDA E MARTINS, C. A. Racismo anunciado: o negro e a publicidade no Brasil. 113 f. 2010. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

______. O consumidor não tem cor, mas negro ele não é. Ou como os negros continuam fora da publicidade mesmo estando dentro do mercado consumidor. In: LEITE, F.; BATISTA, L. L. (Orgs.). Publicidade antirracista: reflexões, caminhos e desafios. São Paulo: Edusp, 2019. p. 211-219.

MORENO, A. C. Negros representam apenas 16% dos professores universitários. G1 Educação, on-line, 20 nov. 2018. Disponível em: <https://glo.bo/392nVqP>. Acesso em: 7 jun. 2019.

OLIVEIRA, E. H. S. A. Mulheres negras vítimas de violência obstétrica: estudo em um hospital público de Feira de Santana. 120 f. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, Rio de Janeiro, 2018.

PEREZ, C.; POMPEU, B. Quando a presença está longe da equidade: o negro na publicidade brasileira, ainda um estereótipo. In: LEITE, F.; BATISTA, L. L. (Orgs.). Publicidade antirracista: reflexões, caminhos e desafios. São Paulo: Editora USP, 2019. p. 67-85.

REIS, J. Quilombos e revoltas escravas no Brasil. Revista USP, n. 28, p. 14-39, 1 mar. 1996.

RIOS, R. R. Pretos e pardos nas ações afirmativas: desafios e respostas da autodeclaração e da heteroidentificação. In: DIAS, G. R. M.; TAVARES JUNIOR, P. R. F. (Orgs.). Heteroidentificação e cotas raciais: dúvidas, metodologias e procedimentos. Canoas: IFRS Campus Canoas, 2018. p. 215-249.

RIOS, A. M.; MATTOS, H. M. O pós-abolição como problema histórico: balanços e perspectivas. TOPOI, v. 5, n. 8, p. 170-198, jan.-jun. 2004.

ROCHA, E. Representações do consumo: estudos sobre a narrativa publicitária. Rio de Janeiro: Editora PUC Rio, 2006.

RODRIGUES, A. C. Por que executivos negros ainda são exceção?. Exame, Conteúdo de Você S/A, on-line, 15 out. 2018. Disponível em: <https://bit.ly/2Pun0rE>. Acesso em: 7 jun. 2019.

RODRIGUES, R. N. Os africanos no Brasil. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2010.

SANTOS, R. O racismo sutil na representação afrodescendente na publicidade impressa: pré e pós-estatuto da igualdade racial. In: LEITE, F.; BATISTA, L. L. (Orgs.). Publicidade antirracista: reflexões, caminhos e desafios. São Paulo: Edusp, 2019.

SACCHITIELLO, B. Revistas semanais recuperam audiência no digital. Meio & Mensagem, on-line, 11 mar. 2019. Disponível em: <https://bit.ly/37Qr63s>. Acesso em: 20 fev. 2020.

SODRÉ, M. Claros e escuros: identidade, povo e mídia e cotas no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

SOUZA, A. Alunos negros e de renda baixa são maioria nas universidades federais. O Globo Sociedade, on-line, 17 mai. 2019. Disponível em: <https://glo.bo/2HZFYlA>. Acesso em: 7 jun. 2019.

STEPAN, N. L. Eugenia no Brasil, 1917-1940. In: HOCHMAN, G.; ARMUS, D. (Orgs.). Cuidar, controlar, curar: ensaios históricos sobre saúde e doença na América Latina e Caribe. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2004. p. 330-391.

VELASCO, C. Negros ganham R$ 1,2 mil a menos que brancos em média no Brasil; trabalhadores relatam dificuldades e “racismo velado”. G1 Economia, on-line, 13 mai. 2018. Disponível em: <https://glo.bo/390aM1u>. Acesso em: 7 jun. 2019.

Downloads

Publicado

12-07-2022

Como Citar

Moreno Fernandes, P. (2022). Racismo e invisibilização: Representatividade negra em anúncios de revista. E-Compós, 25. https://doi.org/10.30962/ec.2384

Edição

Seção

Artigos Originais