#AnittalsOverParty
a celebridade como mobilizadora de ciberacontecimentos, os consumidores-fiscais e a cultura do cancelamento em redes digitais
DOI:
https://doi.org/10.30962/ec.2037Palavras-chave:
Anitta, eleições brasileiras, ciberacontecimento, consumidores-fiscais, política e cultura popResumo
Investigamos alguns feixes de sentido e disputas discursivas que se configuraram a partir das interfaces entre as hashtags #EleNão e #AnittalsOverParty, focando especificamente as práticas e formas expressivas assumidas por parte das audiências digitais durante este ciberacontecimento. A análise da construção de sentidos em redes digitais, enquanto metodologia adotada, ajudou-nos a refletir sobre o protagonismo desempenhado pelos que aqui se denominam “consumidores-fiscais”. Estes episódios foram decorrentes de indefinições e posições políticas assumidas pela cantora pop Anitta quando da campanha à presidência de Jair Bolsonaro no último pleito eleitoral, em 2018. Tomando as redes digitais como locus de negociação e atuação pública, destacamos uma categoria de consumidor midiático que atua como fiscal de posicionamentos advindos do mundo do consumo e do entretenimento, referindo-se no caso estudado a posturas (e imposturas) políticas de uma celebridade brasileira. Nas manifestações deste “consumidor-fiscal”, nota-se um modo de agir semioticamente através de redes digitais com o intuito de averiguar a aderência do posicionamento da celebridade às expectativas valorativas e ideológicas do consumidor, confrontando-a em termos da coerência entre suas práticas simbólicas/performáticas célebres e suas ações na vida pública e ordinária.
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