#AnittalsOverParty

a celebridade como mobilizadora de ciberacontecimentos, os consumidores-fiscais e a cultura do cancelamento em redes digitais

Autores

  • Danilo Postinguel FIAMFAAM - Centro Universitário, São Paulo, São Paulo, Brasil https://orcid.org/0000-0002-0122-9160
  • Christian Gonzatti Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil https://orcid.org/0000-0002-7923-8614
  • Rose de Melo Rocha Escola Superior de Propaganda e Marketing, São Paulo, São Paulo, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.30962/ec.2037

Palavras-chave:

Anitta, eleições brasileiras, ciberacontecimento, consumidores-fiscais, política e cultura pop

Resumo

Investigamos alguns feixes de sentido e disputas discursivas que se configuraram a partir das interfaces entre as hashtags #EleNão e #AnittalsOverParty, focando especificamente as práticas e formas expressivas assumidas por parte das audiências digitais durante este ciberacontecimento. A análise da construção de sentidos em redes digitais, enquanto metodologia adotada, ajudou-nos a refletir sobre o protagonismo desempenhado pelos que aqui se denominam “consumidores-fiscais”. Estes episódios foram decorrentes de indefinições e posições políticas assumidas pela cantora pop Anitta quando da campanha à presidência de Jair Bolsonaro no último pleito eleitoral, em 2018. Tomando as redes digitais como locus de negociação e atuação pública, destacamos uma categoria de consumidor midiático que atua como fiscal de posicionamentos advindos do mundo do consumo e do entretenimento, referindo-se no caso estudado a posturas (e imposturas) políticas de uma celebridade brasileira. Nas manifestações deste “consumidor-fiscal”, nota-se um modo de agir semioticamente através de redes digitais com o intuito de averiguar a aderência do posicionamento da celebridade às expectativas valorativas e ideológicas do consumidor, confrontando-a em termos da coerência entre suas práticas simbólicas/performáticas célebres e suas ações na vida pública e ordinária.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Danilo Postinguel, FIAMFAAM - Centro Universitário, São Paulo, São Paulo, Brasil

Doutor e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing. Professor do FIAMFAAM - Centro Universitário. Pesquisador do grupo JUVENÁLIA: questões estéticas, geracionais, raciais e de gênero na comunicação e no consumo (ESPM-CNPq).

Christian Gonzatti, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Doutorando e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Membro do Laboratório de Investigação do Ciberacontecimento (LIC).

Rose de Melo Rocha, Escola Superior de Propaganda e Marketing, São Paulo, São Paulo, Brasil

Doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Professora titular do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Escola Superior de Propaganda e Marketing. Bolsista Produtividade em Pesquisa. Líder do grupo JUVENÁLIA: questões estéticas, geracionais, raciais e de gênero na comunicação e no consumo (ESPM-CNPq). Coordenadora do GT Comunicação, consumo e novos fluxos políticos do Comunicon. Pesquisadora do GT da CLASCO Infancias y Juventudes.

Referências

AMARAL, A.; SOUZA, R. V.; MONTEIRO, C. “De westeros no #vemprarua à shippagem do beijo gay na TV brasileira”. Ativismo de fãs: conceitos, resistências e práticas na cultura digital. Galáxia, São Paulo, n. 29, p. 141-154. 2015. Disponível em:<https://bit.ly/2sSJ2M1>. Acesso em: 08 dez. 2019.

AQUINO BITTENCOURT, M. C. et al. O Desafio do Balde de Gelo como ciberacontecimento: celebridades como vetores-chave de espalhamento e apropriações. Revista Fronteiras - Estudos Midiáticos, São Leopoldo, v. 17, n. 1, p. 77-90. 2015. Disponível em:<https://bit.ly/2LuA0LR>. Acesso em: 08 dez. 2019.

ARENDT, H. Eichmann em Jerusálem, um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

CASTRO, G. G. S. Entretenimento, sociabilidade e consumo nas redes sociais: cativando o consumidor-fã. Revista Fronteiras - Estudos Midiáticos, São Leopoldo, v. 14, n. 2, p. 133-140. 2012. Disponível em:<https://bit.ly/2RD5ALn>. Acesso em: 08 dez. 2019.

FEIXA, C. De la generación@ a la #generación: la juventude em la era digital. Barcelona: Nuevos emprendimientos editoriales, 2014.

FRANÇA, V.; SIMÕES, P. Celebridade: quando o privado atravessa o público (e vice-versa). In: CASTRO, P. C. (Org.). Dicotomia público/privado: estamos no caminho certo? Maceió: EDUFAL, 2015.

GARCÍA CANCLINI, N. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2010.

HENN, R. El ciberacontecimiento, produción y semiosis. Barcelona: Editorial UOC, 2014.

HENN, R.; OLIVEIRA, F. Jornalismo e movimentos em rede: a emergência de uma crise sistêmica. Famecos, Porto Alegre, v. 22, n. 3, p. 77-95. 2015. Disponível:<https://bit.ly/2LxBIMm>. Acesso em: 08 dez. 2019.

JENKINS, H.; FORD, S.; GREEN, J. Cultura da conexão. Criando valor e significado por meio da mídia propagável. São Paulo: Aleph, 2014.

JOSEPH, M. Nomadic identities: the performance of citizenship. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1999.

LOTMAN, Y. La semiosfera: semiótica de la cultura y del texto. Madri: Catedra, 1996.

LOURO, G. L. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

MISKOLCI, R. Teoria queer: um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.

OLIVEIRA, S. Políticas da inimizade. Rebela, Florianópolis, v. 7, n. 1, p. 191-196. 2017. Disponível em:<https://bit.ly/2P1lA4Q>. Acesso: 08 dez. 2019.

PRADO, J. L. A. Convocações biopolíticas dos dispositivos comunicacionais. São Paulo: EDUC: FAPESP, 2013.

QUÉRÉ, L. Entre facto e sentido: a dualidade do acontecimento. Trajectos – Revista de Comunicação, Cultura e Educação, Lisboa, n. 6, p. 59-76. 2005.

RECUERO, R.; BASTOS, M.; ZAGO, G. Análise de redes para mídia social. Porto Alegre: Sulina, 2015.

RINCÓN, O. Lo popular en la comunicación. Culturas bastardas + ciudadanías celebrities. In: AMADO, A.; RINCÓN, O. La comunicación en mutación. Bogotá: Centro de Competencia en Comunicación para América Latina, 2015. p. 23-42.

RONSINI, V. et al. Ativismo de fãs e disputas de sentidos de gênero nas interações da audiência em Em Família nas redes sociais. In: LOPES, M. I. V. (Org.). Por uma teoria de fãs da ficção televisa brasileira. Porto Alegre: Sulina, 2015. p. 197-238.

SÁ, S. P. Somos todos fãs e haters? Cultura pop, afetos e performance de gosto nos sites de redes sociais. Revista Eco Pós, Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 50-67. 2016. Disponível em:<https://bit.ly/38hGw25>. Acesso em: 08 dez. 2019.

SIMÕES, P. G. O poder de afetação das celebridades. In: FRANÇA, V. et al. (Orgs.). Celebridades no século XXI: transformações no estatuto da fama. Editora Sulina: Porto Alegre, 2014. p. 209-225.

SANTOS, B. S. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

Downloads

Publicado

03-11-2020

Como Citar

Postinguel, D., Gonzatti, C., & de Melo Rocha, R. . (2020). #AnittalsOverParty: a celebridade como mobilizadora de ciberacontecimentos, os consumidores-fiscais e a cultura do cancelamento em redes digitais. E-Compós, 23. https://doi.org/10.30962/ec.2037

Edição

Seção

Artigos Originais